No dia 1º de abril de 1945, o exército norte-americano chegou na ilha principal de Okinawa, depois de já ter invadido as ilhas Kerama no final de março. Esse dia foi um marco na história de Okinawa, pois esse foi o passo inicial em direção à violenta batalha que duraria alguns meses e tiraria a vida de milhares de civis okinawanos e soldados de ambos os lados.
Há muito o que falar sobre esse tema, mas hoje vou mostrar dois lugares importantes quando se fala na invasão de Okinawa pelos norte-americanos. Durante nossa estadia em Okinawa, procurei pelos inúmeros “senseki” (戦跡) – vestígios da guerra – como cavernas, esconderijos, monumentos em memórias aos mortos etc. Entre eles, visitamos dois monumentos localizados nos pontos onde o exército norte-americano desembarcou.
O primeiro monumento fica na ilha de Fukaji, que, junto com Tokashiki, Zamami, Aka, Geruma e outras pequenas ilhas, faz parte das ilhas Kerama, localizadas a cerca de 30 a 50 km da cidade de Naha.

O exército japonês já estava instalado em várias partes de Okinawa e esperava que a invasão norte-americana fosse acontecer pelo lado oeste da ilha principal. Uma das estratégias era utilizar 300 barcos suicidas, instalados nas ilhas Kerama, que atacariam os navios americanos por trás. No dia 23 de março de 1945, começaram os bombardeios em Okinawa.
No dia 26, diferente do previsto pelos japoneses, a frota norte-americana chegou nas ilhas Kerama (Aka, Fukaji, Geruma e Zamami). Os soldados japoneses, pegos de surpresa, evitaram o ataque e se retiraram para a floresta, optando por preservar o pelotão. Os moradores se desesperaram e, com o incentivo dos soldados, tiraram suas próprias vidas no que ficou conhecido como “suicídio em massa”.
As ilhas Kerama foram escolhidas pelos americanos porque, por serem próximas umas às outras, o mar entre elas era propício para proteger os navios de ventos fortes.
Atualmente, na ilha de Fukaji, abaixo da ponte que a liga a Geruma (lê-se “Gueruma” em português), existe uma pedra com a inscrição “Pedra da Paz Mundial”. Abaixo, está escrito que este local foi o primeiro do território japonês a ter a bandeira norte-americana hasteada.


Depois das ilhas Kerama, o passo seguinte foi invadir a ilha principal de Okinawa. No dia 1º de abril mais de 1500 navios norte-americanos (encouraçados, cruzadores e contratorpedeiros) chegaram na costa oeste, carregando cerca de 60 mil soldados. Após bombardear a região, o desembarque ocorreu nos arredores da foz do Rio Hija-gawa, abrangendo a costa das cidades de Yomitan, Kadena e Chatan.


Contrariando a expectativa americana, não houve resistência do exército japonês durante o desembarque. No mesmo dia, conseguiram ocupar os aeroportos do norte e do centro (kita hikōjō e chūbu hikōjō, nas cidades de Yomitan e Kadena). Além disso, logo os soldados alcançaram as cavernas onde os moradores da região estavam escondidos. Alguns foram levados para os campos de concentração, mas outros acabaram se suicidando, da mesma forma que nas ilhas Kerama. Um episódio muito conhecido é o das cavernas de Chibichiri-gama e Shimuku-gama.
Hoje, ao norte do Rio Hija-gawa (que fica na divisa de Kadena e Yomitan), existe o parque da praia de Toguchi. Lá, foram instaladas algumas pedras com informações lembrando que foi naquela região que os americanos invadiram a ilha principal de Okinawa. Lá do alto tem-se uma visão privilegiada do rio e da região costeira e dá um arrepio só de imaginar 1300 navios inimigos se aproximando e se preparando para desembarcar.


Se possível, tentem visitar esses dois lugares. As ilhas Kerama se tornaram um parque nacional (Kerama Shotō National Park) recentemente, devido às suas características naturais, como o mar transparente, os recifes de corais e a abundante fauna marinha. Muitos turistas viajam para lá atraídos pelo ecoturismo, mas também há vários locais com importância histórica para serem visitados.
Em Yomitan, a praia de Toguchi recebe muitos visitantes, inclusive norte-americanos, por ser próxima a algumas bases militares. Aproveite para conhecer a praia e as pedras, que são um pouco difíceis de serem encontradas. Mas vale a pena reservar um tempo para dar uma olhada nesse local que é essencial na história da guerra em Okinawa.
Confira abaixo a localização dos dois monumentos:



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