Pink Dot – o evento LGBT de Okinawa

Esse fim de semana São Paulo recebeu milhares de pessoas na 19ª Parada do Orgulho LGBT.  Você sabia que Okinawa também tem seu evento LGBT?

Nascido em Singapura, o Pink Dot foi trazido para Okinawa em 2013, sendo o primeiro evento LGBT (Lésbica, Gay, Bissexual e Transgênero) da província. Na edição de 2014, que aconteceu no dia 21 de julho, na Kokusai Dōri, participaram cerca de 1000 pessoas. O público era variado e havia muitos jovens e estrangeiros.

Final do evento
Final do evento

Como o nome já diz, no Pink Dot as pessoas vestem rosa, para simbolizar o amor, a paz e a inclusão. Na edição de 2014 havia várias barraquinhas, desde comida a artesanato, além de workshops de bingata e pulseirinhas. No palco, houve algumas apresentações de cantores, além de eisá e show de drag queen.

Workshop de bingata
Workshop de bingata
Show da drag queen
Show da drag queen
Apresentação de eisá
Apresentação de eisá

O momento mais esperado do evento foi o casamento de Kazuki e Harold, realizado no palco. Kazuki Kinjo, que hoje vive no Canadá com seu marido Harold, levou algum tempo até que sua mãe aceitasse seu relacionamento. No Pink Dot, eles contaram sua história e realizaram um casamento simbólico, numa tentativa de mudar o modo como a sociedade okinawana vê LGBTs e de dar esperança aos jovens que hoje enfrentam dificuldades com suas famílias, uma vez que o casamento homoafetivo não é reconhecido no Japão.

Harold e Kazuki
Harold e Kazuki
Casamento de Kazuki e Harold
Casamento de Kazuki e Harold

Como brasileira e paulistana, é inevitável comparar com Parada Gay de São Paulo. A de Okinawa foi, claro, muito menor. E não teve aquele clima de festa que tem a Parada, era mais como um festival (matsuri), focando bastante na conscientização das pessoas, com auxílio de voluntários do Pink Dot e de estudantes.

Venda de pulseirinhas
Venda de pulseirinhas
Participantes do Pink Dot
Participantes do Pink Dot

O que eu achei bem interessante foi a incorporação de elementos da cultura de Okinawa no evento, como show de eisá e workshop de bingata. Foi como se quisessem mostrar a que o tradicional pode se harmonizar com o novo. Ou seja, a sociedade okinawana, ao mesmo tempo em que mantém e preserva sua cultura, deve abrir sua cabeça e aceitar outras formas de casamento.

Acredito que os fortes valores patriarcais (como por exemplo, o sobrenome e o butsudan, que passam para o filho, e assim por diante), tornam difícil a aceitação de formas não-normativas de casamento. Assim, muitas vezes LGBTs não são compreendidos em relação à sua orientação sexual.

Foi um evento muito interessante, pois promoveu a aceitação de todas as formas de amor ao mesmo tempo em que direcionou sua voz para o público okinawano, trazendo à tona elementos de sua cultura e a voz de seus jovens. A edição de 2015 acontecerá no dia 19 de julho, na Kokusai Dōri.

Pink Dot 2015
Pink Dot 2015

Acesse a página do Pink Dot aqui.


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